Um olhar particular do cinema europeu

 

“Adeus, Meninos”, 1987. Direção: Louis Malle. França. Até um certo tempo atrás, as crianças de melhor condição social eram educadas em colégios internos católicos. Esse filme nos traz um olhar do diretor em sua própria experiência. A vida colegial é retratada em detalhes em sua rotina. Não falta também um olhar às pequenas transgressões do regulamento colegial, como a circulação de livros e cigarros escapando ao controle dos superiores. Uma atenção especial é dada ao caráter doloroso da separação da família, bem como a emoção pelas cartas recebidas e a alegria na ocasião das visitas dos parentes. Mas o filme mostra também algumas peculiaridades típicas de um tempo e de um espaço geográfico bem definido. Estamos no ano de 1944, ao final da 2ª Guerra Mundial, quando o país estava ainda ocupado pelas tropas alemãs. O diretor do colégio francês oferecia proteção aos filhos de judeus, recebidos como alunos sob uma falsa identidade. É exatamente com um deles, apresentado sob o nome de Jean Bonnet, que Julien Quentin – personificação do próprio diretor – faz amizade. Foi especialmente em memória desse grande amigo e da figura marcante do diretor do colégio, que o filme foi realizado. Adeus Meninos é um filme cheio de lembranças, sensível e envolvente, capaz de despertar gratas recordações e sentimentos altamente positivos” (Riolando Azzi – Cinema e Educação – Paulinas). Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1987. Onde ver: em algum serviço de streaming não popular (Oldflix).


Filme completo Adeus, Meninos (1987)


“A Festa de Babette”, 1987. Direção: Gabriel Axel. Dinamarca. Um filme atraente e delicado, baseado num conto de Isak Dinessen. O cenário é uma pequena e distante localidade da Dinamarca, onde vive uma comunidade de origem luterana, orientada por um pastor e suas filhas, diante dos perigos que abalam suas convicções religiosas. O filme pode ter várias interpretações, mas a mais óbvia refere-se à análise da mentalidade puritana, dominante em diversos países da Europa do século passado. No primeiro momento vemos como eles lidam com as tentações constantes relacionada ao sexo e a gula. Na segunda parte, anos mais tarde, eis que ali aparece Babette, fugindo da revolução que abalou Paris em 1870. Ela é acolhida como empregada doméstica pelas irmãs e decide preparar um banquete em homenagem à memória do pastor. Ocorre então uma tentação. Apesar de todas as precauções, os convidados não conseguem resistir ao sabor dos alimentos, deleitando-se com o prazer da refeição. A cena final, em que os membros da comunidade cantam de mãos dadas, numa ciranda, representa a apologia de uma visão integradora do ser humano, em que se procura superar o conflito entre espírito e matéria. “O banquete para doze pessoas preparado por Babette pode ser considerado também um símbolo da Última Ceia, na qual os apóstolos receberam a mensagem da caridade como eixo da Nova Aliança. Ao presidir a refeição, o general retoma as orientações dadas anteriormente pelo pastor (Antiga Aliança), mas enfocando-as na nova perspectiva do amor. Um filme que se presta às mais diversas leituras devido a sua surpreendente originalidade” (Riolando Azzi – Cinema e Educação – Paulinas). Oscar de melhor filme Estrangeiro. Onde ver: não encontrei disponível em streaming.

 

Cartaz de A Festa de Babette (1987).
O filme completo pode ser assistido pelo link: http://www.omelhordocinema.cf/2021/02/a-festa-de-babette-1987-legendado.html  


 

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