Dicas da semana:
“O
Quarto de Jack”, 2016. Direção: Lenny Abrahamson. Aproveito o retorno desse
filme ao Netflix, para apresentar esse drama/suspense interessante, adaptado de
um livro de mesmo título (inspirado num caso real), que conta a história de Joy
e Jack, mãe e filho que vivem isolados num quarto, prisioneiros de um sujeito
chamado Nick. Acompanhamos a rotina de uma mãe que faz de tudo para tornar
aquele cativeiro suportável ao seu filho. É justamente no aniversário de cinco
anos de Jack que sua mãe elabora um plano para escapar desse cativeiro. Poesia
e trauma se entrelaçam na narrativa entre a experiência do cativeiro e o mundo
lá fora. “A readaptação é dura e exige da personagem um esforço para o qual ela
não estava preparada. Já a atriz, sim. Brie encara com uma honestidade
surpreendente o buraco negro do trauma para o qual a “heroína” é tragada.
Embora cada um dos momentos (cativeiro e "vida
real") seja retratado de forma sublime, a desigualdade entre eles na
representação do filme é um dos poucos pontos fracos da obra. Na comparação,
contraditoriamente, “perde-se” muito tempo fora do quarto, uma vez que, embora
você torça fervorosamente para que mãe e filho se livrem daquela situação, o
desafio cinematográfico maior se dá (e é vencido) justamente no cubículo que
motiva toda a ação. Mas, aí, você já terá se apaixonado por Jack” (Renato
Hermsdorff – Adoro Cinema). Globo de Ouro e Oscar de Melhor Atriz para Brie
Larson e uma gama de outras premiações. Onde ver: Netflix.
“99 Casas”, 2015. Direção: Ramin
Bahrani. Nesse drama, nos EUA, um homem perde sua casa para o banco. Num ato de
desespero diante do que lhe acontece, ele acaba indo trabalhar com o agente
imobiliário (Rick) que o havia despejado e, contraditoriamente, o ajudará a
expulsar outras pessoas de suas casas, além de desviar dinheiro do governo. Mas
não se livra tão facilmente de sua consciência... Mais um filme em torno
do colapso financeiro americano de 2008, mais focado nas consequências diretas
que atingiram a realidade do mercado imobiliário que culminou na desapropriação
de casas, afetando as famílias americanas, enquanto algumas pessoas tiveram a
oportunidade de lucrar em cima da desgraça alheia. O filme serve de denúncia
sobre a ganância humana que estimula o espectador a refletir sobre as ações das
pessoas no campo da moralidade e da ética. “99
Casas apresenta uma estrutura clássica que faz diferença pela narrativa densa que Bahrani constrói os arcos dramáticos dos dois
protagonistas. O estofo emocional do filme é sempre acompanhado pelo
clima tenso que envolve e prende o espectador desde os minutos iniciais. A
utilização da câmera documental é trabalhada de forma bem invasiva com a finalidade provocar o incomodo principalmente
nas sequências de despejos praticadas por Rick, filmados sempre com frieza, o
que expõe tanto a fragilidade emocional individual daquele que está sendo
despejado – próximo de uma humilhação moral – quanto à relação de poder daquele
que despeja, que na figura de Rick ganha uma objetividade sádica por reger a
vida das pessoas sem se preocupar com os sentimentos morais da sua postura” (Danilo
Areosa – Cineset). Onde ver: Netflix (Só até este domingo, mas
deverá retornar...).
“O Tigre Branco”, 2021. Direção: Ramin
Bahrani. Aproveitando a indicação de “99 Casas”, trago esse
filme do mesmo diretor centrado na Índia e sua estrutura de castas, sobre a
ascensão de Balram. Inspirado num livro de mesmo nome, faz uma referência ao
filme “Quem quer ser Milionário” e tem leves comparações
com “Parasita”. Ele mesmo narra para nós como essa ascensão se
deu. Ele é ambicioso, e sem nenhum recurso começa sua escalada social ao se
tornar motorista da família mafiosa local. Para atingir seus objetivos, vai
eliminando possíveis adversários. Ele faz, assim, o anti-herói, uma figura
desprezível, mas que gera empatia por sua situação social, sua impossibilidade
de ascensão e, mais que tudo, pela dificuldade psicológica de sair de sua
posição. “’O Tigre Branco’ certamente não é
um filme sutil. É prolongadamente desconfortável e se desenvolve para um
encerramento catártico, sombrio, e por mais fantástico, real. Construída como
uma história profundamente indiana, o filme arremata quando sugere a
universalidade de sua representação, e ainda finaliza com uma conclusão
simbólica e admirável” (Julia Sabbaga – Omelete). Onde ver:
Netflix.
Muito bons filmes para o final de semana parabéns
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